Os quatro elementos cabem num outro,
senão água em Marte não existiria,
e como no oceanos e na terra sempre chove
isso é sinal dum quinto elemento
onde o abismo se alaga, onde o vento
que atiça ou apaga o fogo se move,
onde o oxigênio do ar o mesmo fogo consome.
Ar, fogo, terra e água cabem no espaço
mesmo se este for vácuo apenas,
poderá ser preenchido por um poema.
O quinto elemento é o infinito espaço
aonde vai o gesto delicado e o rude,
onde o amor é o enlevo da dança
e o gozo é fora de ritmo como terremoto.
O espaço onde a paixão urde sua trama
de fogueira ou ar duma superação completa,
onde o mar das águas poluídas é desejo
que deita na terra sobre verde grama
a moça, a bola, o atleta na hora da queda.
O espaço das minhas distâncias e solidão
é onde a perna cansa, a aeronave levanta
voo, o carro leva o velho para o hospital,
é onde somos substituídos no fim da vida
pelos que deixamos ou só conhecemos
na profunda carne, transcendente infinito.
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