Justo naquele dia começara o horário de verão, talvez por isso o atraso de Evaristo. Trabalhávamos no mesmo hospital há um ano, nossos filhos tinham a mesma idade. Por contingências profissionais mudara para Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, a fim de ficar perto do Hospital onde possuía cotas. Éramos sócios. Adiantar uma hora do relógio e ainda aturar atraso é dose. Antes morava em Copacabana, ainda frequentava o Leme Tênis Clube. O combinado era ir à piscina e depois almoçar por lá. Mas Evaristo só chegou depois das dez horas. Está tarde, disse, sem desculpar-se, Copacabana fica muito longe, que tal irmos para Barra de Guaratiba? Olhei para minha mulher. Estava impaciente. Está bem, vamos logo então. Pode ser no meu carro? Pode. Marieta sentou atrás com as crianças. Evaristo ligou o ar e pôs som na caixa. Relaxamos. O trânsito ajudou, chegamos rápido. Está vendo lá embaixo é a Prainha. Lugar lindo. Faixa estreita de areia entre dois rochedos. Escadaria para descer do bar até à praia. Bom serviço de garçom. Pedimos duas caipirinhas e patinhas de caranguejo. Marieta, Coca Light. Guaraná para as crianças. Fascinada pelo mar Julinha não me deixou beber a caipira inteira. Comi só duas patinhas. Pai, vamos para praia? Já, já, espera um pouco. Comi mais uma patinha. Felipe não quis descer comigo, preferiu ficar com o pai. Evaristo se divorciara da mulher, o guri andava apegado. A Prainha é mar aberto. Apenas uns gatos pingados estavam na areia. Caminhei pela areia fofa. Senti piso duro e úmido sob meus pés. Hesitei em seguir
caipirinha e disse Evaristo vamos para casa.
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